segunda-feira, 21 de março de 2016

A ESTRELA QUE CAI – Parte I



Vale a pena ler o que disse, em sessão plenária, o mais antigo ministro do SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL, Ministro CELSO DE MELLO:

“Os meios de comunicação revelaram, ontem, que conhecida figura política de nosso País, em diálogo telefônico com terceira pessoa, ofendeu, gravemente, a dignidade institucional do Poder Judiciário, imputando a este Tribunal a grosseira e injusta qualificação de ser "uma Suprema Corte totalmente acovardada"!

Esse insulto ao Poder Judiciário, além de absolutamente inaceitável e passível da mais veemente repulsa por parte desta Corte Suprema, traduz, no presente contexto da profunda crise moral que envolve os altos escalões da República, reação torpe e indigna, típica de mentes autocráticas e arrogantes que não conseguem esconder, até mesmo em razão do primarismo de seu gesto leviano e irresponsável, o temor pela prevalência do império da lei e o receio pela atuação firme, justa, impessoal e isenta de Juízes livres e independentes, que tanto honram a Magistratura brasileira e que não hesitarão, observados os grandes princípios consagrados pelo regime democrático e respeitada a garantia constitucional do devido processo legal, em fazer recair sobre aqueles considerados culpados, em regular processo judicial, todo o peso e toda a autoridade das leis criminais de nosso País!

A República, Senhor Presidente, além de não admitir privilégios, repudia a outorga de favores especiais e rejeita a concessão de tratamentos diferenciados aos detentores do poder ou a quem quer que seja.

Por isso, Senhor Presidente, cumpre não desconhecer que o dogma da isonomia, que constitui uma das mais expressivas virtudes republicanas, a todos iguala, governantes e governados, sem qualquer distinção, indicando que ninguém, absolutamente ninguém, está acima da autoridade das leis e da Constituição de nosso País, a significar que condutas criminosas perpetradas à sombra do Poder jamais serão toleradas, e os agentes que as houverem praticado, posicionados, ou não, nas culminâncias da hierarquia governamental, serão punidos por seu Juiz natural na exata medida e na justa extensão de sua responsabilidade criminal.”

Ministro Celso de Mello

2 comentários:

Realidade e Fantasia disse...

Quando estamos tão desmoralizados, sentindo vergonha de sermos brasileiros,ridicularizados em países do primeiro mundo, surge vozes que nos dão um novo alento nas nossas esperanças de deixamos a nossos filhos e netos, um país mais justo e humano. Não há brasileiro, de boa índole, que não sinta repulsa e desespero na atual situação, milhões perdem a dignidade do emprego, outros perdem a saúde, muito mais perdem a segurança, mas quando perdemos tudo isso ao mesmo tempo, sentimos que é hora do basta, já não dá para esperar mais. Mas precisamos nós, mudarmos nossas atitudes e passarmos a exigir mais seriedade em nossa família, na nossa comunidade, os tempos do jeitinho também devem ser abolidos, pois não acredito em mudança, sem primeiro, nós também mudarmos.

Blog do Noronha disse...

Oportuno e verdadeiro teu comentário, pois a degradação moral nos está levando rumo à desagregação social. Mas que precisamos começar a mudar, precisamos, independentemente de ordem e prioridades, e se o andar de cima começar a mudar e dar exemplo, pela mobilização da sociedade, o andar de baixo seguirá essa mudança. O que não podemos é continuar omissos, passivos, mansos e tolerantes. Abraço