quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

O CIDADÃO REFÉM - PARTE II

Sem dúvida todos sabemos que a natureza é indomável - ventos, chuvas, estiagens, inundações, calor escaldante ou frio congelante, são fenômenos que não conseguimos impedir ou controlar.

Mas em Novo Hamburgo essas forças da natureza têm um aliado exemplar - o despreparo, a ineficiência, e a improvisação do governo da cidade em prevenir e minimizar os efeitos dessas intempéries.

Pelo contrário, a impermeabilização de parcela expressiva do território hamburguense pelo asfalto, o entulhamento das redes de escoamento pluvial, a falta de poda ecológica de árvores, e a total ausência de planejamento preventivo, agravam, e muito, os efeitos desses fenômenos da natureza, além de danos tanto ao patrimônio público quanto ao patrimônio privado.

E o cidadão, refém do poder público municipal, sequer pode reclamar aos bispos, porque tampouco estes dispõem de meios de intervir, senão rezar !

Os fatos são divulgados pela imprensa, e só assim ficamos sabendo da extensão dos danos, de protestos, bloqueios de ruas, manifestações de donas de casa que, voltando do trabalho para o terceiro turno, encontram seus móveis, eletrodomésticos, eletrônicos, roupas e demais pertences, encharcados, inutilizados, ou alimentos apodrecendo por falta de luz.

A Prefeitura diz que a culpa dessas inundações é da própria população, que larga lixo nas calçadas e no meio-fio das ruas, entulhando as chamadas "bocas-de-lobo", canalizações pluviais e até riachos e arroios.

É verdade. Muitos de nós simplesmente descartamos nossos lixos em vias públicas e em locais totalmente impróprios.

Mas isso não é desculpa para a Prefeitura deixar de realizar mutirões emergenciais para desobstruir canalizações e canais, para podar as árvores existentes sob a rede de energia elétrica, ou de desassorear riachos e arroios.

E promover campanhas permanentes de conscientização da população, aproveitando, por exemplo, a própria estrutura de distribuição domiciliar das contas de luz e de água, sem custos, pois isso interessa às próprias concessionárias.

Mas, fundamentalmente, a Prefeitura necessita planejamento e concretude, atuando de forma preventiva e continuada nestas ações, de sorte a, nos temporais que virão - e eles acontecem desde que o mundo é mundo - ocorrerem menos danos à vida e ao patrimônio de todos nós.

Chega de somente agir quando as águas invadem nossas residências, ou quando as árvores derrubadas pelo vento nos deixam sem energia elétrica.

É preciso atuação preventiva, porque, sabidamente, novas tempestades virão, e com elas ventos e chuvas.

Chega de só remediar e culpar o excesso de ventos ou chuvas, ou de responsabilizar a população.

Nossos governantes talvez não tenham a exata dimensão da dor e dos danos que esta população sofre pela verdadeiro descaso da Prefeitura, já que muitos desses dirigentes, ao final do expediente, ou nos fins-de-semana, voltam para suas residências em Porto Alegre, Sapiranga, Santa Cruz, São Leopoldo, ou Igrejinha.

Mas, enquanto a Prefeitura não mostrar eficiência e atuação modo preventivo, as inundações, os alagamentos, a falta de luz, os protestos populares, e os bloqueios de ruas continuarão, motivadamente.

E, quanto isso, o cidadão continuará refém dessa omissão, ou seja, a sociedade que se lixe !

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