Estamos todos vivenciando um momento único na história recente
do Brasil.
Num dia assistimos, perplexos, e como nunca antes na história
deste País, a condução forçada de um ex-presidente para prestar depoimento na
Polícia, em decorrência de inquéritos nos quais são investigados inúmeros
delitos supostamente a ele atribuídos.
Inquéritos que o ex-presidente tentou trancar no Supremo
Tribunal Federal, no que não teve sucesso
até agora, já que foi rejeitada a liminar lá por ele perseguida.
Na sequência, o Superior Tribunal de Justiça autorizou a
investigação de um governador em exercício, igualmente por inúmeros outros
delitos supostamente a ele atribuídos.
Isso sem falar na prisão de um ex-senador da República, passados
10 anos da condenação e 34 recursos processuais depois, embora a sentença
condenatória ainda não tenha transitado em julgado.
Paralelamente assistimos inúmeros empresários sendo processados
criminalmente, alguns deles já condenados, com acompanhamento de ex-agentes
públicos e até de parlamentares.
E agora é noticiado o pedido de instauração de ação penal pelo
Ministério Público Estadual, contra aquele mesmo ex-presidente, sua esposa,
filho e demais envolvidos outros supostos ilícitos, dependendo tão somente de
o Judiciário decidir se aceita, ou não, essas denúncias, para passar a
tramitação do dito processo criminal.
É triste assistir o grau de degradação moral a que chegamos, e
não devemos simplesmente nos eximir de parcela de responsabilidade, seja porque
muitos desses indiciados nos mesmos escolhemos em eleições passadas, seja
porque ao longo de anos, talvez décadas, fomos nos convertendo numa sociedade
mansa, demasiadamente tolerante, permissivos até, nos omitindo de qualquer
reação, a maior parte das vezes porque esses acontecimentos nada tinham a ver
conosco.
Mas o grau de perniciosidade que esses “malfeitos” todos atingiu;
agora está na nossa mesa, no nosso emprego, na nossa educação, na nossa
segurança pessoal e patrimonial, na nossa saúde, e em tantos outros escaninhos
da nossa vida, que o nosso próprio futuro restou comprometido, e pode atingir
várias das gerações vindouras.
É necessário um basta, um grito de revolta, um clamor de
intolerância.
É preciso que a sociedade, como um todo, independentemente de
credos, de raças, de ideologias partidárias, de classes, de idade e de
gênero, se levante, se mobilize.
Porque somente irmanados no resgate da ética perdida, da
lealdade abandonada por aqueles que dizem nos representar, é que, talvez, o
futuro deste País poderá tornar-se aquela realidade que tanto sonhamos e tanto
almejamos.
Se ninguém consegue mudar o começo, é hora de começar a mudar o
futuro.
Dia 13 de março, domingo próximo, venha a fazer parte das
manifestações de todos aqueles que cansaram de tudo o quanto estamos assistindo
Brasil afora.
Chega, basta, não podemos aguentar mais.
Pensem nisso !
Um comentário:
Foi no dia 02 de junho de 1999 que descobri o que era o Ministério Público e qual a finalidade a que se destinava.
Foi quando denunciei uma quadrilha de estelionatários, que pretendia instalar uma suposta universidade aqui em NH, sob os auspícios de um antigo e “respeitável” empresário, que “cedeu” o prédio de sua antiga e tradicional empresa.
A promotoria tomou as providências devidas, o que culminou mais adiante no desmonte dessa articulação, em que até um grande banco português estaria envolvido (sabe-se que atualmente é alvo de grandes escândalos e investigações no país lusitano).
Mais adiante, ao tentar reaver os direitos financeiros decorrentes de meu trabalho, procurei a JUSTIÇA que, mesmo recebendo todas as comprovações e perícias a nosso favor, mostrou que os poderosos têm “mais direitos” que a patuleia.
Entretanto, prossegui acreditando que eu deveria lutar pela manutenção dos rumos daquilo que me foi ensinado por meus pais, meus professores, meus empregadores, meus oficiais superiores quando prestei o serviço militar.
Jurei defender a PÁTRIA. Sou responsável por uma FAMÍLIA. Sou um CIDADÃO.
E é por isso que ostentei a minha assinatura em aproximadamente duas centenas de denúncias contra os maus gestores, nas mais diferentes instituições de controle e fiscalização, nos mais diversos delitos, segundo a minha interpretação.
Coleciono inúmeros arquivamentos, mesmo assim persisto nessa cruzada de asseio desses descalabros, desses atos de corrupção, de desmandos, de negligência dos agentes públicos.
Sozinho, no entanto, muito pouco se consegue, apesar de que podemos ir construindo opiniões robustas em nossos semelhantes, apresentando o nosso modo de vida e nossos pontos de vista.
A conclamação para mais essa demonstração coletiva de cidadania, programada para o dia 13/03/2016, é importantíssima para o momento crucial que a sociedade brasileira está vivenciando.
Não podemos nos omitir, já que, mesmo que mais adiante partiremos em definitivo, outros permanecerão, e a eles não podemos deixar o legado de ruínas e desesperança.
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